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Meu estômago não digere!

23 septembre 2010 Laisser un commentaire

Não creio que tenha sido algo estragado, pois nem tive febre nem náusea,  mais provável que tenha sido o excesso, após toda a moderação e o medo na Bolivia.  Sei que nem todos perceberam essa moderação nas minhas descrições, mas eu me contive, sempre lembrando da Segurança Alimentar. Afinal, ninguém sai impune de tantas refeições compartilhas com Sezi e Shandra (e anos de convívio com gente que trabalha na vigilância sanitária).

O abuso de mariscos fez o que nem a salada de frutas do mercado de Sucre, nem as salteñas e empanadas mais suspeitas que  comi haviam conseguido. Cheguei ao teminal de La Serena justo a tempo para desembolsar meus duzentos pesos para o acesso aos baños. Por uns instantes, tive uma sensação terrível de déjà vu … temi reviver os momentos da partida de La Paz em 2002. Ainda bem que meu ônibus só saia tarde da noite. Tomei muito chá de hortelã e  umas cápsulas de Floratil.

Pensei que o meu ônibus para Valparaìso nunca fosse chegar. Mas, finalmente, veio, e o meu lugar Salón Cama era o melhor que jà tive até agora, quase uma cama mesmo. Luxo.  E o melhor… ninguém do lado. Fila única. Dormi quase imediatamente e só acordei na última hora da  viagem.

Ao chegar em Valparaíso, busquei um Bed & Breakfast que me foi indicado, bem no coração do Cerro Alegre,  o Allegretto, que, por sorte, tinha um quarto para mim. Um lindo quarto vermelho, decorado com uns móveis antigos.

Agora estou batendo perna… subindo e descendo ladeira. O Cerro Alegre justifica seu nome.

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De Antofagasta a La Serena

22 septembre 2010 Laisser un commentaire

A viagem de 9 horas até La Serena foi num ônibus semi-cama quase vazio. Semi-adormecida, vi  Colateral com um Tom Cruise falando espanhol e uma parte de outro filme cujo início ( e logo o título) eu perdi porque dormia, até que o motorista decidiu que ninguém estava mesmo vendo o filme e que era melhor escutar cumbia. Melhor assim, fiquei olhando a lua e dormitando  quando não era acordada pelo fluxo de passageiros que subiam de desciam…

A viagem demorou menos que eu pensava e me deixou em uma La Serena fria e escura. Ainda assim, consegui dinheiro e um café com wi-fi, o que me permitiu saber que os suiços iam para o Valle del Elqui e ler a mensagem de um amigo que me aconselhava fugir de La Serena e ir para Tongoy, cidadezinha na mesma baía da Serena, a uma hora de distância.

Refleti um pouco e aproveitei a vizinhança de um centro comercial para um momento mulherzinha num salão. Em seguida, saltei num ônibus para Tongoy.

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Deixando San Pedro

22 septembre 2010 Laisser un commentaire

Queria seguir direto de San Pedro para Valparaíso, para aproveitar uns dois dias na cidade e chegar em Santiago na quinta-feira. Isso era sem contar com o feriado, que, eu ignorava, incluía a segunda-feira. Não havia lugar disponível no ônibus para Valparaíso, ou a pouco simpática moça da Tur-Bus não foi capaz de localizar.

A despeito do charme de San Pedro, botei na cabeça que ia sair de lá o mais tardar na segunda. Busquei então uma alternativa que levasse rumo ao sul… consegui um ônibus até Antofagasta na segunda de manhã, com a firme intenção de, lá chegando, conseguir outro para Valaparaíso ou para La Serena, para onde seguiam os suiços.

Antofagasta é a grande cidade portuária que escoa todo o cobre extraído de Chuquicamata (a maior mina de cobre do  mundo). Imaginei que haveria mais conexões de lá que de San Pedro, apesar do feriadão. Além disso, o nome da cidade sempre me intrigou… Tudo bem, sei que isso não é razão suficiente para se visitar uma cidade, principalmente se isso alonga o percurso.

A viagem para Antofagasta foi tranquila e me deu a oportunidade de ver uma parte bem linda do deserto,  um início valonado e em seguida um planalto com uns cerros magníficos. é assustador passar horas olhando a paisagem do deserto e, subitamente, ingressar em uma névoa que anuncia a chegada a Antofagasta.

Colinas e mar. Poderia ser o Rio, mas não é. O cinza diz que é o Pacífico.

Cheguei ao terminal rodoviário localizado numa parte feia da cidade, mas com vista, cinzenta, para o mar. A primeira providência foi comer e beber algo no triste buffet. Em seguida buscar um ônibus que me levasse a La Serena.

Como não tinha muita grana e estava tudo fechado, nem sombra de um posto de câmbio, fui tirar um dinheirinho no caixa eletrônico… péssima surpresa, não consegui.  Achei que era o meu cartão, mas depois vi que todas as pessoas estavam saindo de mãos vazias. Inferi que o três dias de feriado tinham exaurido as reservas do caixa.

As únicas coisas funcionando no terminal eram as empresas de ônibus e uns lugares de comer. Nem posto  telefônico nem a Internet.

Comprei minha passagem para La Serena e passei as duas horas até a partida lendo.

Deixando a Bolivia

21 septembre 2010 Laisser un commentaire

Se ainda necessitava de alguma confirmação da sorte que tivera nos últimos dois dias, a tive ali. O outro motorista quase não falava, e mesmo o sorriso do começo ia aos poucos desaparcendo. O carro era muito pior…
Ao chegarmos ao posto de fronteira, uma construção no meio da montanha, nem sinal do nosso transfer para San Pedro. Muita gente já esperava e nos informaram que nenhum ônibus tinha chegado, provavelmente algum atraso na fronteira chilena em razão da véspera do feriado da independência.
Alberto, nosso motorista, iniciou o movimento de descarregar as nossas mochilas com a intenção de nos deixar ali e partir imediatamente. Puxei ele de lado e esclareci no melhor espanhol que consegui e no meu tom de poucos amigos  que eu não o deixaria partir antes da chegada do nosso ônibus. Ele ainda tentou protestar, mas expliquei que ele era responsável pelo nosso transporte e que pouco me interessava se era outra companhia, pois Andes Salt tinha me vendido o ticket. Parecia óbvio que o pobre diabo era incapaz de tomar uma providência. Mal conseguia uma informação nesse lugar perdido, sem telefone ou rádio(!), e o pior, sem a menor iniciativa da sua parte para tentar saber a origem do problema e encontrar uma solução, como conseguir  acomodação para nós em algum dos outros ônibus que aos poucos iam chegando.
O tempo foi passando e finalmente, graças a inciativa de Noémie, que foi falar com um policial para pedir informações e tentar negociar a instalação de Julien, que estava muito fraco, dentro da cabine de polícia, conseguimos lugar em uma outra van, mediante pagamento de nova passagem. Com Julien doente e sem perspectiva da chegada do nosso tranporte, era isso ou voltar para Uyuni, pois parecia loucura ficar ali.
E assim, deixamos a Bolívia numa van que levava 5 outros brasileiros e dois Bolivianos.
Ah, como meu passaporte já tinha sido carimbado em Uyuni (cf Delinquente no dia 17 de setembro) com a saída , nem precisei olhar para os oficiais bolivianos.

Hasta la vista Bolivia! Próxima parada, Chile.

« La esperanza es novia de la utopia y amante de la libertad » – grafitti nas ruas de Potosí

14 septembre 2010 Laisser un commentaire

Apesar dos resquícios do fausto colonial,  materializado em suas inúmeras igrejas e outras edificaçoes, algumas barrocas, Potosí é uma cidade mais proletária que Sucre. Parece que seu povo sempre se ressentiu  da predominância de Chuquisaca. Dizem haver ainda uma certa hostilidade dirigida aos sucrenses, talvez em  razão de uma prática de se trabalhar em Potosí e ter casa em Sucre, para aquelas  pessoas que não suportam a altitude.

Em Sucre predomina o branco, enquanto em Potosí chamam a atenção o ocre e uns azuis e verdes já passados, como testemunhas de outros tempos.

azuis de Potosí ...fachada Calle Chuquisaca

Evitei o quanto pude as igrejas, deixei o olhar passear por fachadas, portas e janelas. Achei a cidade  mudada.

porta Calle Hoyos

venda de velas, mercado de Potosí

Deixei Potosí com a visão de uma tropa de choque ia dispersar uma manifestação/bloqueio na praça 10 de novembro.

O trajeto Potosí – Uyuni com certeza foi o mais difícil até agora. A estrada está sendo pavimentada e alguns trechos estão muito ruins. Pra completar, a minha bunda brasileira simplesmente não cabia no assento…

O percurso só foi salvo porque em um dado momento troquei de lugar para juntar uma família – pai, mãe, 4 filhos e um cachorro (oh yeahhh!)  e acabei sentando ao lado de um senhorzinho, um campesino franzino e muito simpático, que puxou conversa. Conversamos dos governos neoliberais na américa latina, do governo Lula, do Governo Evo, da direita no Chile, de plurinacionalismo boliviano, de identidade, racismo, indigenismo e autonomia… , é claro, tendo declarado a minha nacionalidade, de futebol e de festas populares. o Senhor Danilo Cruz salvou a minha viagem.

Chaguei em Uyuni. Junto com casal de jovens franceses que estava no ônibus, buscamos uma agência para nos levar ao Salar num tour de 3 dias. Ufa, encontramos. Colocamos as mochilas em hotelzinho básico e eu estou pronta para uma sopa e cama.

PS: Quando o casal de franceses (Guillaume e Pauline) e  eu chegamos na agência, havia uma boliviana que estava contratando o passeio de 3 dias/duas noites. Na hora de dizer o preço o agente disse que lhe faria um desconto, e o pacote ficaria por 550 Bol. Na hora que foi nos atender, apresentou para os meus novos amiguinhos de viagem um valor de 700 Bol, por causa do guia falando em inglês. Eu na hora retruquei, no meu castellano da Praia de Iracema que não precisava do guia falando inglês e que em nome da solidariedade latinoamericana demandava um desconto igual ao oferecido à eleitora do Evo. Obtive o desconto, não sem muita conjugação errada. Mas, como expliquei para os viajantes, o meu espanhol era quase  melhor que o inglês do cara, e se era para ter um guia assim, era melhor o espanhol… O continuação dessa história provará o contrário. eles, resignados com sua condição de turistas gringos que têm quase o dever de  serem um pouco explorados, e assim , de alguma forma, pagar a dívida da colonização, ficaram satisfeitos com o desconto que lhes foi oferecido.

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